segunda-feira, 18 de junho de 2012

Confusões do Coração. Parte II


Charlie chega em casa, disposto a contar tudo a Kate, mais ela o surpreende dizendo:
- Oi amor, como foi no trabalho? Estava morrendo de saudade, pensei que poderíamos sair um pouco hoje, jantar e depois passarmos a noite naquele lugar aonde íamos antes. – Kate referia-se de um motel, quando começaram a namorar ele sempre a levava.
Ele percebeu o brilho em seus olhos, e então concordou, pensando que seria o ultimo pedido a realizar de sua esposa, mesmo sabendo que ele não teria uma noite tão especial quando teve com Valerie, mesmo assim foi jantar e depois foram ao motel. Kate chamou a babá, que sempre ficava com as crianças quando eles precisavam. Charlie pega o carro, enquanto Kate estava se arrumando, como se ela estivesse sentindo que estaria algo errado, ela se vestiu para seduzir, e de certa forma segurar Charlie no casamento, pois ela já havia pensando que a mudança de comportamento dele, poderia ser outra mulher. Kate vestiu sua langerie preta, sua melhor, que tinha um sutiã com bojo e cheio de rosas vermelhas e com seu batom vermelho, que deixava a sua boca mais carnuda. Ela pegou seu maior casaco, para cobrir toda a sua roupa, para só quando chegar lá mostrar á Charlie. Realmente, Charlie foi ao delírio ao ver sua mulher daquele jeito, nunca tinha visto, nem no começo do namoro ela com tanto desejo.
- Essa é sua nova mulher, aquela que ficara para o resto da vida com você. Vem, você já pode usufruir dela. – Disse Kate, com um ar totalmente sexy, querendo deixar seu marido a vontade, percebendo que algo lhe incomodava.
Passaram três horas no motel, recorde do casal, não sentiam um “fogo” assim, nem na lua de mel. Kate ficou satisfeita, mais ela mesmo sabia que não tinha uma vida feliz, que mesmo tendo uma vida de conforto e estabilidade financeira, não se sentia feliz. Ela fez de tudo para surpreender de forma positiva seu marido, mais não tinha jeito, Charlie só conseguia pensar em Valeria, na noite em que tiveram. Quando chegaram em casa, Kate disse:
- Amor, posso te fazer um pedido? – Ela disse, com uma voz calma e suave.
- Sim, pode sim. – Disse Charlie.
- Podemos levar as crianças para a sorveteria amanhã? Faz tempo que não saímos, queria relembrar.
- Podemos sim, mais amanhã é dia de eu chegar uma hora a mais do que eu previa. Tudo bem?
- Sim, sim. Vou avisar as crianças amanhã cedo.
Ele fez que sim e disse:
- Até amanhã Kate. – Disse Charlie, bocejando.
- Boa noite querido. – Kate disse, beijando o na boca, como quase nunca fizera na hora de dormir.
Na tarde seguinte, Charlie chegava do trabalho a tempo de tomar um banho antes de ir a sorveteria, e quando entrou em casa viu Monique correndo em sua direção e dizendo:
- Papai, posso tomar duas bolas de sorvete de morango com cobertura de caramelo e com aquelas bolinhas coloridas?
- Claro querida, pode pedir oque você quiser. Mais deixe o papai e ir tomar banho pra irmos logo.
Charlie entrou no banheiro e de baixo do chuveiro decidiu, a noite contaria a Kate sobre Valerie e não se renderia as suas chantagens emocionais. Então foram à sorveteria, depois ao parque da cidade, as crianças se divertiram muito. Depois disso, Charlie tentou ligar para Valerie, mais ela não atendia. Mandou várias mensagens de texto, e ela não respondia. Mensagem de voz e nada de noticias de Valerie. Oque será que havia acontecido? Será que ela tinha desistido dos planos que fizera? Charlie então decidiu ir á sua casa, chegando lá viu Valerie abrir a porta chorando:
- Ah é você, vá embora e não volte nunca mais. – Ela disse aos prantos e gritando.
- Espera Valerie, oque foi? Oque eu fiz? – Empurrando a porta, tentando abri-la para falar com ela.
- Te vi lá no parque, e quem era aquela que você beijava? E aquelas crianças que te chamavam de papai?
- Valerie, espera. Eu posso explicar. – Charlie disse, com lágrimas nos olhos.
- Não, você não pode. Como pude ser tão tola, me envolver com um homem casado!
- Eu ia falar com ela hoje, juro que ia. – Disse Charlie, conseguindo abrir a porta e entrando em sua casa.
- Quem me garante? Quem me garante que você não iria continuar mentindo pra mim? E pior, para nós duas? – Valerie disse, o encarando fixamente.
- Eu garanto, porque oque sinto por você não é brincadeira, não é passageiro. Olha pra mim, acredita em mim.
Nessa hora, ela chora mais ainda e o abraça, sentindo que é verdade e que se for realmente verdade, as juras de amor vão ser pra sempre. Então ele a contou que ia falar com ela, aquela noite e que contaria tudo, contou dos seus filhos, de que vai se separar de Kate e que provavelmente ela o expulsará de casa, Valerie diz que ele pode vir pra casa dela. Depois de uma hora que passou na casa de Valerie, Charlie diz que tem que ir resolver isso. Então ele olha para sua amada e a pede que o deseje sorte, então ela diz:
- Sorte querido, sorte! – Valerie abre um sorriso preocupado e apreensivo.
- Vai dar tudo certo. – Diz Charlie, beijando sua testa.
Charlie então sai, meio desnorteado, mais sabendo que isso tinha que acabar.
Ele já chegou tarde em casa, as crianças estavam dormindo e sua mulher estava o esperando na cama, ao entrar no quarto escuta sua Kate dizer:
- Oi Charlie, estava te esperando. Muito trabalho no hospital? – Ela diz toda carinhosa.
- Não estava no hospital. Preciso conversar com você! – Charlie a olha fixamente, quase dizendo com os olhos que tinha algo de errado.
- Onde você estava? – Com uma cara de preocupada. – Não podemos conversar amanhã? Estou tão cansada, hoje fui com as crianças comprar as fantasias do dia das bruxas. Você acredita que Jack quis a fantasia do Homem – Aranha de novo? Monique deu um chilique na loja, querendo a fantasia da princesa Ariel, mais não tinha. Depois de muito insistir ela se contentou com a de Cinderela. Nossa menina ficou divina! – Disse Kate, visivelmente querendo adiar aquela conversa.
- Não, não podemos conversar amanhã. Espere-me na sala, enquanto tomo banho, vou descer e a gente conversa assim que eu terminar. – Charlie disse, pegando a toalha e indo ao banheiro.
Kate então desce,vai até a sala e espera Charlie chegar. Ele termina, e desce ainda com os ombros molhados e com os olhos lagrimejando.
- Não me diga que você fez isso. – Disse Kate, com uma raiva que jamais havia sentido e desejando que fosse mentira.
- Calma, te chamei aqui pra dizer que conheci outra pessoa e que quero me separar. – Charlie disse, calmamente.
Kate já chorando disse:
- Quantas vezes? – Ficando de costas para Charlie, tentando esconder as lágrimas.
- Quantas vezes oque? – Disse Charlie confuso e sem entender.
- Quantas vezes você fez amor com essa vadia?
- Uma vez, somente uma vez. Mais não sabe o quanto me senti culpado, poderia ter esperado a gente conversar, mais não consegui.
- Ah, tadinho. Tenho pena de você por não controlar seus hormônios, e oque todo mundo ira dizer de nós? Vão descobrir oque você fez comigo? Que sou a chifruda do bairro nobre de Nova York, e você não teve nenhuma consideração comigo, nem com nossa família, não pensou em seus filhos, oque eles vão pensar ao ouvir os boatos que seu pai é um traidor?
- Sinto muito, realmente sinto muito. – Disse Charlie.
- Sente muito? Sente muito? É isso que você tem a me dizer? – Kate segurava a mão de Charlie, o olhando com um carinho.
- Kate, por favor, não complique as coisas – Charlie disse se virando e subindo as escadas. – Vou arrumar minhas coisas e, por favor, não conte ainda as crianças, venho amanhã cedinho para contar a elas.
- Não precisa amor, eu já decidi, já te perdoei. A gente esquece com o tempo esse acontecimento, eu sou capaz de superar. – Disse Kate, o abraçando.
- Kate, a quem queremos enganar? Nosso casamento não está bem faz tempo, sei que você não está feliz, assim como também não estou, não encontro mais em você a mulher que me apaixonei.  A gente estava a ponto de dormir separados, de tanta indiferença que sentia, você está vivendo uma vida que eu não quero fazer parte. Onde eu me encacharia nas suas tardes de tênis com as vizinhas fofoqueiras da rua? Você se tornou uma delas! Não dá mais, vou atrás da minha felicidade.
Kate então, depois de ouvir tudo isso de Charlie, em um ato de desespero foi até a cozinha, pegou uma faca e sem menos pensar nas consequências, enfiou-a em seu peito e foi ao chão. Charlie se desesperou, correndo em sua direção e dizendo:
- Kate, porque fez isso? Você é louca – Charlie, totalmente desesperado e já pegando o telefone pra ligar para a Emergência.
Ele com o celular já nas mãos ouviu Kate dizer, baixinho como se já estivesse sem forças e perdendo muito sangue.
- Charlie, não se preocupe. Só espero que cuide das crianças, talvez eu seja realmente louca, mais por você, você foi meu primeiro amor, meu maior desejo, o primeiro homem da minha vida, não conseguiria superar a sua rejeição. Todos me diziam que eu tinha obsessão por você, e é isso mesmo. Você é a minha vida, e agora no final dela quero que cuide bem dos nossos filhos, eles são a sua lembrança minha. Vou feliz, por saber que um dia você me amou.
Kate morreu nos braços de Charlie, que não controlou o desespero e chorou feito uma criança, como se sua mãe estivesse falecido também e o vazio tomou conta de seu coração, ele se perguntou se teria coragem de enfrentar a todos e começar uma vida com Valerie, depois disso tudo que aconteceu, depois de tudo que ouviu da mulher que sempre esteve ao seu lado há dez anos. Passaram-se dias, pra ser mais exato um mês e Charlie queria ficar sozinho com seus filhos, explicar que a mamãe não voltaria, que ela está em um lugar melhor que aqui.
Valerie teve que entender, pois sabia o quanto era difícil oque Charlie e as crianças estavam passando. Em uma tarde de Domingo, Valerie escuta a campainha tocar e ao atender teve a surpresa de ver Charlie e as crianças.
- Oi tia Valerie – Disse Monique, a abraçando com um sorriso imenso no rosto.
Valerie ficou paralisada e a única reação que teve foi de abraça-la e perguntar ao Charlie oque estava acontecendo.
- Estamos aqui, precisei de um tempo com ele, mais agora estou aqui, para seguirmos a nossa vida, aquela que te prometi, lembra? Ah, você ganhou dois filhos, nossos filhos agora meu amor.
Valerie se sentiu a mulher mais feliz do mundo, e de fato ela era a mulher mais feliz do mundo! Não, não foi Valerie que destruiu o casamento de Charlie, nem muito menos a vida de Kate, foi à obsessão, foi o amor platônico que destruiu uma vida, mais o amor também uniu outras duas.

 (Andreza Mônica)

2 comentários: