sábado, 16 de junho de 2012

Confusões do Coração. Parte I



- Bom dia grande dia. É como Charlie sempre acorda, uma forma encorajadora de começar o dia. Se levanta, vai até o quarto de seus filhos, Jack de 2 anos e Monique de 7, tenta a acorda-los para avisar que esta na hora de levantar e ir há escola, mais sem sucesso, coisa que ele sempre sabe que não consegue, pois sua esposa sabe direitinho como fazer isso. Da uma passada no banheiro, molha o rosto e escova os dentes, desce até a cozinha, ainda com seu pijama velho e desbotado. Encontra a sua mulher Kate, com sua camisola, simplesmente linda, com seu cabelo preso em um rabo de cavalo meio desarrumado, mais totalmente exuberante.
- Bom dia. -Ele disse, a agarrando por trás e lhe dando um beijo em seu ombro.
- Bom dia querido, fiz suas panquecas com calda de chocolate.
Ele riu como uma forma de dizer obrigado e disse:
- Kate querida, não vai dar pra pegar as crianças na escola hoje, pois marcaram uma consulta de ultima hora no hospital, tem problema de você ir busca-los?
- Não, talvez eu acabe as compras com minha mãe a tempo de pega-los.
Charlie é um grande médico, muito renomado em Nova York, onde nasceu e vive até hoje com sua família. Antes de conhecer Charlie, Kate era enfermeira do mesmo hospital onde seu marido trabalha, mais como Charlie achava que Kate trabalhava demais, e com a chegada de Monique, Kate parou de trabalhar para se dedicar somente a sua família e a casa.
Kate sobe para literalmente arrancar as crianças da cama, depois de uns cinco minutos de tentativas, já se escuta as crianças correndo pelo corredor da parte superior da casa, indo tomar banho e se arrumando. Elas descem arrumadas a tempo de ainda encontrar Charlie na mesa do café.
- Papaaaai. -Jack adorava exagerar nos gritos, querendo chamar atenção do seu pai, enquanto ele lia o jornal.
- Oi meu Homem-Aranha. -Disse Charlie. Jack adorava o Homem-Aranha, não é atoa que todos os dias das bruxas, ele se veste do super herói, mesmo sua mãe insistindo para que ele mude de fantasia.
E com seu vestido florido, com uma botinha preta super charmosa, desce Monique. Nunca vi menina mais encantadora, seus olhos verdes claros, que herdou de sua mãe, seu cabelo longo castanho com cachos nas pontas a tornava a menina mais linda da escola, por três anos seguidos, em uma votação anual de sua escola. Monique olha pra seu pai e diz:
- Oi Papai.
- Oi querida, como foi ontem na casa da Cate? . -Cate era sua melhor amiga, e sua vizinha.
- Ah papai, foi como sempre, brincamos, desenhamos, e conversamos.
- Posso saber sobre oque as garotas falavam? -Ele disse.
- Não papai, coisa de menina – Disse Monique fazendo uma espécie de careta para Charlie.
Seu pai deu um sorriso preocupado, imaginando que elas poderiam estar falando de garotos, ou do primeiro beijo de uma delas. Charlie se levantou dizendo que ia se arrumar para o trabalho. Era inverno em Nova York, então um casaco cairia perfeito nessa manhã que parecia a mais fria da estação. Ele pegou seu caso azul escuro, que ele achava que combinava perfeitamente com sua camisa branca e seu cachecol cinza, e enquanto se vestia viu sua esposa entrar no quarto.
- Está bom? -Charlie sempre precisava da ajuda de Kate.
- Querido, já te falei que não fica nada elegante essa camisa, pegue aquela.  -Apontando para uma camisa preta que ela avia lê dado há algumas semanas.
Ele se aprontou, pegou as crianças e foi caminhando com elas até a escola, que era perto de sua casa, mais ele tinha que pegar o metrô para chegar ao seu trabalho. Enquanto caminhava com as crianças, percebeu que Monique cantava baixinho a música “Imagine” do John Lennon, e então ele a acompanhou no refrão fazendo caretas, enquanto era ria. Esse era um dos momentos que ele sempre adorava pela manhã, ir deixar as crianças na escola. Depois de dar um beijo nas crianças e dize-las que quem vem busca-las é a mãe delas, ele foi ao trabalho.
Ele andava nas calçadas da cidade, e os ventos frios o faziam arrepiar, ele percebeu que tinha esquecidos de suas luvas.
- Droga. – Pensou ele.
Mais lhe confortou lembrar que no vagão do metrô era menos frio. Ao entrar no vagão, a primeira coisa que viu foi uma mulher, que o deixou paralisado. Ela estava com um casaco vermelho, luvas pretas e uma legue, sem falar na bota, com um bico fino. Ele fascinado pela aquela visão, uma mulher com uma beleza jamais vista por ele, cabelos pretos, olhos puxados, talvez fosse oriental, talvez não. Ele jamais se sentira atraído por outra mulher, se não sua esposa. Que hoje não é mais aquela por qual ele se apaixonou, ela havia se tornado uma dondoca, uma mulher consumista, egoísta, orgulhosa, mais não podia negar que é uma ótima mãe e uma razoável mulher. Parece que ela não sentia mais vontade de estar com ele, as noites de amor sempre terminavam com um boa noite frio. De qualquer maneira, ele se sentiu totalmente atraído por aquela mulher ao ponto de chegar perto e dizer:
- Dia frio, não? – Com uma voz tremula, via-se que ele estava nervoso.
Ela balançou a cabeça positivamente, mais sem falar nada. Então Charlie tentou aproximação mais uma vez.
- Acho que é o dia mais frio da estação. -Apreensivo para ouvir a voz daquela mulher.
­­­- Talvez – Ela disse.
Ele então olhou dentro dos olhos dela e disse:
- Você é daqui mesmo, de Nova York?
- Moro aqui faz dois meses, sou do Canadá.
Ele pensou em como seria a vida dessa mulher, e foi logo desenvolvendo em sua mente algumas hipóteses: Ela pode estar indo ao trabalho, depois de ter saído de casa e deixado o marido lá, ou pode ser nova demais para ter um marido e filhos, e pode estar indo pra universidade de jornalismo, ou pode estar fazendo medicina, o que seria um desperdício, com essa beleza toda ela podia ser Miss Universo, mais por incrível que pareça não foi isso que o chamou a atenção. Seu olhar expressivo, sua boca que morde o lábio inferior ao ficar envergonhada, a maneira dela colocar uma mexa de cabelo atrás da orelha, suas palavras calmas e tão compreensivas. Naquele momento no metrô, senti que ela ficou preocupada em não dar tantas informações de sua vida pra um cara que ela acabara de conversar em um metrô. Mais mesmo assim, nos olhos dela estava claro, que ela queria continuar aquela conversa, como se o conhecesse, como se já gostasse dele antes e agora mais ainda. Ele viu que já tinha passado de seu ponto para chegar ao trabalho, mais ele decidiu ficar no vagão até onde ela iria. E então continuaram a conversa:
- Oque você faz aqui na cidade? – Ele disse.
- Sou veterinária, acabei de montar meu próprio negocio com meu irmão.  – Seu irmão que era gay e morava com seu namorado argentino que era advogado.
- Hum, muito interessante. – Ele disse, pegando o seu cartão no bolso do seu casaco e entregando a ela. – Eu sou médico, do hospital Santa Maria.
Quando ela pegou o cartão e ele a olhou, ela rapidamente guardou o cartão na bolsa e disse:
- Tenho que ir, chegou meu ponto. Se caso um dia eu precisar, eu te ligo, ou mesmo se não precisar.
- Tomara que me ligue mesmo se não precisar. – Ele disse sorrindo.
- Tchau, um bom dia. – Ela disse.
- Tchau.
Então ele saiu em outro ponto, e teve que voltar, chegando atrasado em seu trabalho. Ao final da tarde, em sua sala no hospital, viu seu celular tocar e escrito na tela LIGAÇÃO PRIVADA, ele ficou se perguntando se seria da escola das crianças, se havia acontecido algo com eles.
- Alô? – Disse Charlie.
- Alô, Senhor Charlie Anderson? – Disse ela, lendo em seu cartão.
- Sim, ele mesmo.
- Aqui é Valerie. – Ela disse, apreensiva.
- Valerie da escola? – Disse ele preocupado.
- Não, a mulher do metrô, do Canadá, que é veterinária, lembrou? – Ela disse rindo.
- Ah, claro que lembro, só que você não tinha me dito seu nome né?! E o porquê da ligação? Está precisando de um médico, ou já estava pressupondo que eu iria te convidar pra sair?
Ela ficou em silêncio, como se não estivesse esperando, mais ela estava esperando, era pra isso que ela tinha ligado, ela queria. E então ela disse:
- Isso é um convite para irmos jantar amanhã naquela nova pizzaria que abriu no centro da cidade, ás 20 horas?
- Combinado, te esperarei lá. – Ele desligou o telefone.
Depois do telefonema ficou imaginando se o que estava fazendo era certo, se ele deveria realmente sair com outra mulher, lembrou-se do primeiro encontro com Kate, que coincidentemente também foi em uma pizzaria, depois de um plantão do hospital, onde ocorreu o primeiro beijo também. Mais o que ele poderia fazer, se a atração que ele sentiu por aquela mulher tão misteriosa o fez quase nem dormir a noite, e que a inquietação a noite preocupou a sua mulher que lhe perguntou se ele estava bem, e ele disse que sim, só estava com um pouco de dor de cabeça, quando na verdade aquela mulher, que agora ele sabia que chamava Valeria que fazia sua cabeça explodir de emoções.
Ás 19 horas do dia seguinte, Charlie se arrumou dizendo que a direção do hospital tinha escalado ele para um plantão de ultima hora. Então lá foi ele ao centro da cidade, com o coração apertado por mentir por sua esposa, mais totalmente feliz por saber que ia encontrar Valerie. Chegou na pizzaria, foi logo procurando uma mesa, sabendo que tinha chegado meia hora antes, mais ao olhar para todo o lugar, viu que Valerie já o esperava, ficou muito surpreso e foi até ela.
- Então você estava tão ansiosa quanto eu? – Disse Charlie com um sorriso em seu rosto.
Ela riu e balançou a cabeça positivamente. A noite só estava começando para os dois, depois de conversarem sobre a vida, de falarem do colegial, de times de beisebol e de Valerie dizer que adora crianças, o que fez com que Charlie lembrasse de seus filhos, mais até o momento ele não tinha contado a ela, que era casado e que tinha duas crianças lindas que com certeza ela iria adorar. Em vários momentos ele segurou a sua mão, fazendo carinho, os dois se olhando profundamente, como se estivessem dizendo “SIM” no altar, diante do padre. A pizza acabou e eles combinaram de jantar mais vezes. Os dias se passaram e eles se falavam todo dia, se viam sempre que dava, ele sempre dizendo a sua mulher que estaria de plantão. Kate via nos olhos de Charlie que algo estava mudando, que a distância entre eles era maior do nunca, que eles mal estavam se falando, só se falavam sobre as crianças e o colégio delas. Em uma tarde de sábado, ele saiu mais cedo do trabalho e resolve passar na casa de Valerie, onde ele nunca tinha ido, mais ela tinha lhe dado o endereço na noite anterior. Charlie toca a campainha e percebe que ela estava dormindo, pois ela o atendeu de camisola.
- Oi, vi em uma má hora? – Ele disse meio constrangido e admirando seu corpo naquela camisola.
- Não, pode entrar. – Valerie disse apontando para a sala.
Ele então entrou, mais não foi pra sala, foi perguntando onde era a cozinha porque ele havia trago alguns morangos e ingrediente para fazer chocolate para os dois. Algo que é muito romântico, e era isso que ele queria, romance. Ela o ajudou a fazer o chocolate, porque como Kate dizia, Charlie é um desastre na cozinha, a ponto de colocar fogo na cozinha assim que liga o fogão. Ela mexia o chocolate na panela, não deixando queimar e sentiu seu corpo ficar mais quente, e então ouviu de Charlie que a abraçava:
- Você está sentindo o mesmo que eu? – Charlie sussurrando em seu ouvido.
- O que você está sentindo? – Ela disse.
- Estou sentindo que estou completamente apaixonado por você, que eu quero você. – Charlie falou isso já beijando seu pescoço, e acariciando ela.
Ela se virou, o olhou nos olhos e disse:
- Sinto isso desde o dia que a gente se viu no metrô.
Ele então á beijou, levando ela a um ponto de excitação que ela jamais imaginou que pudesse chegar uma mulher, ela começou a puxa-los para irem para o quarto, mais antes disso ele disse:
- Vai deixar o chocolate queimar? – Charlie disse rindo e desligando o fogão.
Os dois rolaram na cama, tiveram uma tarde completamente incrível, Charlie fez muitas juras de amor, prometendo ficar com Valerie o resto da vida, que ela era a mulher de sua vida. Mais ele sabia que não era assim, que para isso tudo acontecer ele teria que tomar uma decisão diante a Kate, que ela era sua esposa há dez anos e que talvez não seria fácil dizer a ela que ele tinha conhecido outra pessoa e se apaixonado.
­­­­­­­­­­­­­­
to be continued...

(Andreza Mônica)

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